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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sexta-feira é dia de... convidados!

Queridos amigos,
Finalmente sexta-feira chegou e com ela um convidado super especial, meu amigo Leonardo Barros que escreveu um artigo muito interesse sobre investimentos e finanças, voltado principalmente para os mais iniciantes no assunto. Vale a pena conferir.
Um belo artigo de utilidade pública!
Um abraço e até a próxima,
Jamile Calheiros


Bons investimentos com algumas poucas atitudes e reflexões


Por Leonardo Barros Brito de Pinho

 Diretor da InvestPartner Investimentos graduou-se em Administração de Empresas com especialização em Gestão de Negócios e Finanças, MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Mercado pela Fundação Getulio Vargas - FGV/ SP e especialização de Gestão Estratégica de Vendas pela Michigan University.



        Você não sabe nada de mercado financeiro, não está a fim de estudar os balanços trimestrais de nenhuma empresa. Odeia economês, não quer saber de livros sobre finanças pessoais (nem os voltados para investidores iniciantes) e acha que a maioria dos livros que sugerem o enriquecimento são livros de autoajuda. Tá, eu concordo: boa parte dos livros que dizem como enriquecer não passa de balela – e talvez uma boa maneira de economizar dinheiro seja não comprando esse tipo de literatura.

         Enfim, você olha o gráfico da seção de economia ou do folheto que o seu gerente do banco lhe entrega e já pensa em abandonar a leitura desse artigo. Mas você acredita na economia do país, acha que investir em é um bom negócio, mas não se sente domínio de 100% das conteúdo necessário para bem fazer de maneira que não haja a sensação de “estou deixando de ganhar”.

Por onde tudo começa...

        Sempre que exaltamos o Planejamento Financeiro como instrumento indispensável para que as pessoas consigam atingir a independência financeira. Muitas pessoas adoram argumentar que é muito fácil falar em Planejamento e Investimentos para quem possui as contas em dia e uma boa situação de “sobra do dinheiro”. Alias não é incomum ouvirmos a seguinte frase: “quando eu tiver um pouco mais de dinheiro, sentarei para planejar meus investimentos.

      De fato, milhares de pessoas no Brasil passam pela realidade do descontrole financeiro; bem como, por poucas “sobras financeiras” ao final de um mês ou de um ano.

       Em muito são conseqüências de comportamento orientado apenas pela satisfação imediata, que a grande maioria “mete os pés pelas mãos” e nem percebe que pode estar entrando no arenoso terreno das dívidas ou da pouca formação de poupança.

       O fato é que em grande parte; já somos investidores. Decidimos diariamente onde destinar nossos recursos – sejam eles em imóveis ou produtos financeiros.

      Logo aceitar que já somos responsáveis por importantes decisões de investimentos e de formação do nosso patrimônio; habilita-nos para mudanças de postura em relação ao tratamento que devemos dar ao dinheiro e seu destino.

       Nesse sentido, o bom e velho hábito de simplesmente perguntar ao gerente do banco em que produto investir pode ser um grande erro. Entrar em uma agência bancária sem se informar previamente e pedir ao gerente ajuda para escolher um produto de investimento para aplicar pode ser a maneira mais fácil de investir seu dinheiro. Será preciso muita sorte, no entanto, para que esse caminho leve a uma rentabilidade espetacular.

       Sendo assim algumas dicas e reflexões amplamente divulgadas e debatidas entre especialistas na matéria sobre investimentos e finanças pessoais passam em sua grande maioria pelos 10 pontos abaixo:

1 - Rentabilidade passada não garante rentabilidade futura: Quando precisam decidir onde vão investir dinheiro, em geral as pessoas pedem conselhos ao gerente do banco. Normalmente a pergunta apresentada é quanto "está rendendo" determinado produto de investimento - e não quanto ele rendeu no passado. O gerente então saca o folheto que mostra a rentabilidade dos produtos no último mês ou no último ano e a pessoa imediatamente escolhe o que deu melhor retorno. No entanto, essa é a forma incorreta de escolher onde aplicar seus recursos. Cabe ressaltar que muitos produtos de investimento dizem em seus prospectos que a rentabilidade passada não garante lucros no futuro, mas as pessoas insistem em ignorar esse fato.

       A melhor forma de escolher um investimento é ler bastante e pedir conselhos a várias pessoas com experiência no assunto. O fato de diversos analistas indicarem determinado investimento não é garantia de que ele vai mesmo apresentar o melhor retorno no futuro. Entretanto, pessoas bem-informadas têm mais chances de evitar erros e aproveitar as boas oportunidades.

2 - Faça o teste do perfil do investidor: Descobrir se você é conservador, moderado ou agressivo em é muito importante para esclarecer qual seu apetite ao risco.
      Uma pessoa que vai perder noites de sono se o patrimônio de seus investimentos encolher no curto prazo deve manter uma relação cautelosa com a bolsa e concentrar sua carteira em ativos de baixo risco. Já aqueles que têm sangue frio podem aplicar uma parcela maior do patrimônio em investimentos de alta volatilidade.

       Em geral os bancos disponibilizam esses testes em seus sites. Contudo, quando todas as perguntas são respondidas, os testes já sugerem uma carteira detalhada de investimentos aos clientes - o que é visto com alguma desconfiança no mercado. Pois as pessoas não se enxergam como carteiras de investimentos.
       Para isso, a recomendação é que as pessoas façam um planejamento financeiro mais bem-elaborado e peçam conselhos a especialistas antes de definir como será montada sua carteira. Se você quiser adiantar algumas perguntas básicas a serem respondidas para um bom processo de investimento são: a) Qual é o “tranco” que o investidor agüenta, b) Quanto tempo o dinheiro poderá ficar investido e c) Qual é o objetivo do investimento.

       Alguém que está poupando para fazer uma viagem nas próximas férias ou para comprar um apartamento daqui a três meses precisa optar pelo investimento de curto prazo mais vantajoso. Já alguém bem jovem que começa a poupar dinheiro para sua aposentadoria pode aceitar um pouco de risco no mercado de ações porque haverá tempo para recuperar eventuais perdas.

Não seja ingênuo !!!

       Não procure boas opções de fundos apenas nos bancos: É muito comum que o gerente do banco tenha uma meta para a venda de algum produto financeiro que precisa ser batida para que ele ganhe uma comissão. Títulos de capitalização, CDBs e fundos de previdência estão entre as opções de investimentos que mais costumam ser "empurradas" nas agências.

Desconfie, faça perguntas e teste o conhecimento sobre o assunto sempre que um produto lhe for oferecido.

       É sempre recomendável que o investidor busque opções de investimento fora da agência bancária – que normalmente é um ambiente que as pessoas físicas já estão inseridas e por isso torna a ação de tratar do dinheiro que sobrou mais cômoda.

      Em geral, Corretoras de Valores e Gestoras de Recursos independentes ( também conhecidas como Assets Management ) estão mais preparadas que os bancos de varejo para explicar o funcionamento dos produtos de investimento e dar conselhos para a montagem de uma carteira vencedora.

      Saiba também que os melhores gestores de fundos deixam seus cargos em bancos após alguns anos de trabalho e abrem casas próprias de administração de recursos em busca de uma remuneração maior.

4 - Fuja dos fundos com taxas altas: Há fundos no Brasil que são completamente inviáveis devido às comissões pagas aos seus gestores. Nas últimas décadas, os brasileiros se acostumaram a pagar taxas bem acima da média internacional porque os retornos oferecidos pelas aplicações financeiras no país também eram muito altos. Com a queda dos juros e a alta da bolsa, entretanto, é natural que a remuneração dos fundos brasileiros se aproxime dos retornos médios oferecidos nos países desenvolvidos.

       No caso dos fundos de renda fixa, especialistas recomendam contratar apenas aqueles que cobrem taxas de administração de até 1% ao ano. Como herança dos tempos dos juros altos ainda existe aplicações com taxas de até 5%. Nesses casos, é bem provável que o gestor fique com uma parte do lucro maior do que a do próprio dono do dinheiro. Então é recomendável trocar de fundo mesmo que seja necessário pagar mais Imposto de Renda - no Brasil, a alíquota do IR vai caindo à medida que o tempo de aplicação aumenta.

       Especialistas também afirmam que fundos que exigem mais habilidade e dedicação do gestor podem cobrar taxas maiores. No caso de fundos multimercados, a praxe do mercado é cobrar 2% ao ano de taxa de administração mais uma taxa de performance equivalente a 20% do que o fundo superar sua meta estabelecida em prospecto (benchmark).

       Já os fundos de ações costumam cobrar o mesmo que os multimercados ou então taxas fixas de até 3% - incluindo performance e administração. Uma exceção é para os fundos com gestão passiva, que seguem um índice de ações. Nesses casos, o trabalho do gestor será bem menor. Então o recomendável é pagar até 1% de taxa de administração.

5 - Comece com passos pequenos: Isso vale tanto para quem está começando a aplicar agora quanto para quem quer aumentar a parcela de investimentos de maior risco em sua carteira.

       Para os iniciantes, é importante lembrar que a educação financeira é um processo de longa maturação. Vale a pena pedir conselhos a especialistas e amigos que entendem mais do assunto, assistir a programas de TV sobre economia e finanças pessoais, acessar sites especializados, ler jornais e revistas e se manter informado sobre o que acontece.

6 - Não pulverize demais o capital: Pode parecer um contrassenso, mas não é muito inteligente o investidor dividir seu dinheiro entre vários produtos de investimento, principalmente quando o volume de recursos é pequeno. Basicamente o mercado trabalha com uma relação direta de custos versus o montante aplicado. Logo pode ser mais vantajoso fazer uma diversificação um pouco mais cautelosa.

       Cabe ressaltar que não estamos falando de não diversificar; mas sim de ter uma clara relação entre o “tamanho do patrimônio” que será investido com a intensidade de diversificação que será feita. Pois se tratando de um dos pouquíssimos "almoços grátis" financeiros, a diversificação pode ser a diferença entre uma independência financeira tranqüila e a falência prematura do seu portfólio.

7 - Cuidado com os fundos com poucos cotistas: Até a crise de 2008 as pessoas acreditavam que ter o dinheiro em um grande banco era sinal de segurança. Com a quebra de bancos como o Lehman Brothers e as dificuldades financeiras de megainstituições como UBS, Merrill Lynch, Goldman Sachs, Citigroup e Morgan Stanley, essa visão começou a mudar.

      O ideal agora é colocar seu dinheriro em casas de boa reputação, independente de seu tamanho. Ao investir em um fundo pequeno, no entanto, o investidor deve tomar o cuidado de verificar se as cotas não estão excessivamente concentradas em um único investidor. Em caso positivo, se ele sair, o gestor será obrigado a desmontar boa parte de suas posições rapidamente e provavelmente haverá perdas para os demais cotistas.

      Nos fundos de pequeno porte, também é necessário checar a reputação do gestor e qual a instituição responsável pela auditoria das contas. Um dos maiores especialistas em fundos do Brasil, o professor William Eid Jr., da FGV, desenvolveu um método próprio para avaliar as melhores aplicações. A cada semestre, ele verifica quais fundos de diversas categorias tiveram os melhores resultados e atribui a eles medalhas de ouro (para os dez primeiros), prata (para os dez que vêm em seguida) e bronze (para os próximos dez).

Como esse há vários rankings na internet que dão uma excelente “pista” sobre boas alternativas de investimentos. Basta investir alguns minutos e estudar !

8 - Se você tiver dinheiro, contrate uma assessoria financeira personalizada: Em geral, os bancos de varejo não estão preparados para lhe dar um aconselhamento financeiro completo. O gerente do banco costuma ser um profissional atencioso e simpático que pode ajudar na administração de sua conta corrente, mas não tem o devido preparo para dar conselhos de investimento.

       Para o segmento de alta renda, os grandes bancos já começam a oferecer um serviço de maior qualidade. É possível agendar uma conversa com um gerente especializado em investimentos ou participar de reuniões com funcionários capazes de explicar em detalhes como funciona cada produto do banco. A orientação fica ainda melhor para os clientes do private banking, que costuma atender apenas quem tem mais de 1 milhão de reais depositados na instituição.

      Para quem ainda não chegou lá, uma opção é contratar um planejador financeiro pessoal para organizar suas finanças. A Anbima fomenta um instituto de planejadores financeiros chamado IBCPF que reúne centenas de profissionais certificados e habilitados a prestar esse tipo de serviço com competência.

9 - Leia o prospecto do produto de investimento antes de investir: O prospecto é um documento de divulgação obrigatória.

      Nele, deverá ser informado o objetivo do produto, em que ativos vai investir, qual será a meta de retorno buscada (índice de referência ou benchmark), que operações não poderão ser feitas, quais são os riscos do produto, que taxas deverão ser pagas, quem será o gestor responsável por escolher as aplicações, que instituição responde aos órgãos reguladores, que empresa fará a auditoria nas contas, se existem investimentos em derivativos e quais são os prazos para o resgate dos recursos, entre outras informações.

      Nem sempre o investidor vai entender todas essas informações ao ler o prospecto. Tirar as dúvidas com a instituição responsável pelo produto é importante tanto para tomar uma decisão de investimento mais acertada quanto para a evolução do processo de educação financeira do cotista.

       Segundo a Anbima, também é importante verificar se o gestor ( no caso de fundos de investimentos ) está cumprindo o prometido no prospecto periodicamente. Uma das formas de fazer isso é comparar os resultados obtidos pelo fundo com seu índice de referência. Se houver uma discrepância muito grande, é possível que o gestor não esteja cumprindo a política de investimento proposta.

10 - Não entre em pânico: Independente do que esteja acontecendo no mercado, é importante manter a calma. Saiba antes de entrar em algum produto que tenha ativos de renda variável, apresentam grande volatilidade e que as perdas de curto prazo podem ser severas.

      Momentos de nervosismo no mercado costumam gerar boas oportunidades de compra desses papéis - e não o contrário. Durante a crise de 2008, muita gente resgatou todo o dinheiro que tinha em fundos de ações e assumiu prejuízos representativos. Já a maioria das pessoas que tiveram sangue frio e ficaram nos fundos onde estavam recuperaram suas perdas cerca de um ano depois.

      E aqueles que entraram na bolsa no auge da crise e mantiveram-se confiantes na recuperação provavelmente passaram por um de seus melhores períodos de investimento da vida. Também não é necessário entrar em pânico se houver boatos em relação à saúde de alguma instituição financeira onde você investe em fundos. A legislação brasileira estabelece que o dinheiro de um fundo fica em uma conta separada dos demais recursos do banco e pode ser transferido de instituição em caso de quebra.

      Por isso, os cotistas não são prejudicados - ao contrário dos correntistas que possuem mais de 60.000 reais em conta ou qualquer volume aplicado em CDBs e títulos do próprio banco. Em 2004, quando Banco Santos sofreu intervenção do Banco Central, por exemplo, os investidores só tiveram perdas porque os fundos do banco também investiam nos CDBs da própria instituição. A legislação atual, no entanto, limita a 20% do capital de um fundo o montante que pode ser investido em papéis emitidos pela mesma instituição financeira.

Regras como essas tornam o Brasil um dos lugares mais seguros no mundo para o investimento em fundos.

      Por fim, vale ressaltar que para aplacar a leda ilusão da maioria das pessoas que acreditam que vão ficar – só não sabem como !!! que o passo seguinte ao bom entendimento das informações acima é a EXECUÇÃO do planejamento já citado.

      Ter em mente que nem você, nem seu gerente do banco são Warren Buffet ( renomado investidor profissional ); contente-se em desenvolver e executar junto com assessores, muita informação e boas casas de investimentos seu futuro patrimonial de maneira calma e segura.

Bons Investimentos !


Referencia Bibliográfica:
Sandrini, João ( 2010 ), Dez cuidados ao investir em fundos, Portal EXAME

Link: http://portalexame.abril.com.br/financas/noticias/dez-cuidados-ao-investir-fundos-553147.html?page=1

2 comentários:

  1. O Sr. Calheiros está coberto de razão.
    Os "10 mandamentos" realmente tem coerência
    e são frutos de especialistas no assunto.
    Mas, apenas para complementar o artigo eu acrescentaria
    mais um mandamento: - Faça um bom "Seguro de Vida" !
    Não adiantaria nada fazer um bom planejamento financeiro,
    começar a poupar em investimentos diversos se, de repente,
    acontecer um imprevisto ( um acidente ou doença ) e não tiver
    mais condições de poupar, devido a uma incapacidade;
    e pior, tiver que gastar o que já poupei.
    Por experiência própria, antes de começar a investir, invista
    na sua segurança financeira através de um bom seguro.

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  2. Otima dica essa! Sempre achei que falar com o gerente sobre investimentos ja era suficiente.

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