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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sexta-feira é dia de... convidados!


Meus queridos,

Hoje temos uma convidada aqui no blog, a primeira mulher dentre meus ilustres convidados!! Fiquei muito feliz por minha querida colega Irlene ter aceitado meu convite e nos presentear com esse texto fantástico sobre as mulheres. Ela assim como eu é uma defensora dos "direitos" das mulheres e que lutam pela bandeira das mulheres sem ser feminista ou radical. Queremos apenas direitos iguais! Irlene, muito obrigada!
Minha convidada é Professora de História com formação acadêmica em Ciências Sociais pela UFBA, Historiadora com Concentração em Patrimônio Cultural pela UCSAL e Especialista em Ciências Criminais pela UFBA.
Um abraço e até a próxima,
Jamile


SIMPLESMENTE... MULHER.

Autora: Irlene Maria

“ Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido”
(Ivan Lins)

      E para falar mais uma vez sobre mulheres, não deverei repetir as velhas histórias de conquistas e emancipação como lembrado no trecho da música do poeta Ivan Lins, pois dessa temática já sabemos muito bem, porém cabe sempre reforçar essa lembrança. Ao término da primeira década do século XXI, percebendo os avanços e retrocessos humanos que apresenta a sociedade dos seres que fracassaram enquanto seres civilizados, o quadro não é tão ruim diante de tamanha involução.

      Porém, como exemplo de retrocesso, a existência dos vícios das expressões pontuais na linguagem da tão conhecida mídia televisiva brasileira, que já não cabem no mundo atual, ao se referir às mulheres. As contradições mostradas nas imagens em programas ditos “modernos” que falam da liberdade feminina e outros na mesma emissora tratam das mulheres como verdadeiro objeto de sexo numa vitrine.

      A importância que é direcionada às imagens, quando existem mulheres nos comerciais de TV, é sem dúvida, para a beleza física como um cartão postal indicando um produto de venda, como carro ou outro objeto de consumo qualquer. Sobre esse aspecto, podemos citar a Psicóloga da Universidade de São Paulo (USP) *Raquel Moreno:

“A quem interessa vender uma beleza inalcançável? De que maneira a mídia manipula nossa consciência em nome dos interesses do mercado? Quais são as conseqüências para as adolescentes de hoje? Onde entram as “diferentes” – gordinhas, velhas, negras – nesse sistema? (A BELEZA IMPOSSÍVEL
Mulher, mídia e consumo)


      E as velhas histórias sobre beleza feminina associada a desejo, sensualidade e consumo... Os homens, nas conversas de bar adoram trocar as experiências nas suas falas nem sempre tão verdadeiras de exemplos machistas que contemplam e saciam o próprio ego, daqueles absolutamente convictos de sua masculinidade e tratam a conversa como se buscando todo o tempo convencer a si mesmo de suas verdades.

       A mulher brasileira na história vem tomando direções mais amplas e firmando espaços sociais distintos daqueles que durante muito tempo foram determinados para ela, como a esfera privada do lar, a responsabilidade unilateral da educação dos filhos, enfim, hoje além desses aspectos, as relações que se dão a partir dos papéis definidos da mulher na condição de autonomia e liderança, traduz claramente que algo de bom aconteceu no decorrer desses anos. Apenas, é percebido por nós mulheres, que a sociedade que fazemos parte, dita “sociedade moderna”, precisa olhar para os estereótipos femininos atuais, como simplesmente o que somos... Mulheres.

       Deixar as conversas machistas para os atrasados no tempo, falando de cozinha e sexo, como se fosse uma penalidade da natureza para as mulheres. Afinal, hoje os homens estão indo à cozinha e ficando em casa com os filhos para algumas esposas irem ao trabalho. Percebemos, nós mulheres, uma necessidade de entendimento, em que a sociedade não precisa esperar que as mulheres do século XXI, arranquem os sutiãs ou saiam pelas ruas clamando liberdade, pois a rotina e os acontecimentos históricos falam por si só. Não queremos superioridade ou sair batendo nos maridos ou companheiros, como assim fizeram por muito tempo com as mulheres. Apenas queremos o respeito para exercer a cidadania numa sociedade que trás no seu discurso a idéia de evolução. Mesmo assim, ainda faltam alguns ajustes para que “certos” homens compreendam que estar ao lado de uma mulher não significa conseqüentemente uma situação de poder e sim de companheirismo e cumplicidades.

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*Raquel Moreno: É formada em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Fez especialização em Sexualidade Humana e Dinâmica do Movimento Expressivo no Instituto Sedes Sapientiae, além de ter estudado terapia corporal com J. A. Gaiarsa. Rachel tem pós-graduação em Meio Ambiente pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

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