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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sexta-feira é dia de... convidados!

Meus queridos,

Hoje é sexta, até que enfim!! E, como todas as outras, tenho um convidado muito especial que vai nos falar acerca desse filme que está em cartaz no Cinemark, no Shopping Salvador. Eu ainda não fui assistir, mas fica a dica do meu convidado que entende de cinema e que nos indica essa história.
Carlo, é apaixonado por cinema - graduado em licenciatura em dança - Ufba, com especialização em comunicação e cultura contemporâneas -Facom/Ufba; funcionário público federal - aluno do curso de direito.
Um beijo e até a próxima,
Jamile


A Fita Branca


Filme dirigido pelo austríaco Michael Haneke, conhecido no meio cinematográfico por trazer à tona a violência na sua forma mais concreta e banal (são dele " A professora de piano" com Isabelle Hupert, "Caché" com Juliete Binoche, além de "Violência Gratuita" e "Código Desconhecido", os dois últimos menos conhecidos do público no Brasil); A Fita Branca (melhor filme do Festival de Cannes, angariou outros prêmios, além de ter sido o favorito para melhor filme estrangeiro no Oscar deste ano, o que não logrou) trata da essência do mal, algo tão perto de todos, tão dentro de nós como um órgão vital. A estória é narrada por um professor de uma vila rural da Alemanha momentos antes da deflagração da 1ª Grande Guerra, entre 1913 e 1914. O filme revela de maneira contundente as várias relações de poder exercido pelo pai, patrão, nobreza (estado)... as crianças, sempre em grupo, vão aos poucos expressando o quanto lhes foi impingido por uma criação em que a moral, a ordem e um padrão ultra rigoroso de ser podem chegar, ou seja no limite máximo de exigência, forçando a tolerância, extrapolando o possível, o que provoca a grande catarse do mal. O filme é em preto e branco, eles todos muito brancos, muito louros, muito parecidos, quase repetitivos...ficou "clara" a intenção desse padrão igual em todas as famílias da vila, que no fundo somos todos, pelos menos o são os arianos germânicos geradores do Nazismo que veio a dominar aquele país por tanto tempo no século 20. Palavras do diretor: “Não ficaria feliz se esse filme fosse visto como um filme sobre um problema alemão, sobre o nazismo. Este é um exemplo, mas significa mais que isso. É um filme sobre as raízes do mal. É sobre um grupo de crianças, que são doutrinadas com alguns ideais e se tornam juízes dos outros – justamente daqueles que empurraram aquela ideologia goela abaixo deles". É imperdível! apesar de ser muito incômodo em muitos momentos. Quem quer que se encontre na tentativa de entender essa dinâmica fascinante e sofrida do viver vai perceber naquela vila com seus personagens um fundamento de fato desse viver.

Carlo Borges

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